12 setembro 2025

Energia e brandura


No caminho da vida, há que se aprender com a própria vida.
Na marcha do dia-a-dia, urge harmonizar as manifestações de nossas qualidades com o espírito de proporção e proveito, a fim de que o extremismo não nos imponha acidentes, no trânsito de nossas tarefas e relações.

Energia na fé; não demais que torne em fanatismo.
Brandura na bondade; não demais que entremostre relaxamento.
Energia na convicção; não demais que se transforme em teimosia.
Brandura na humildade; não demais que degenere em servilismo.
Energia na justiça; não demais que seja crueldade.
Brandura na gentileza; não demais que denuncie bajulação.
Energia na sinceridade; não demais que descambe no desrespeito.
Brandura na paz; não demais que se acomode em preguiça.
Energia na coragem; não demais que se faça temeridade.
Brandura na prudência; não demais que se recolha ao comodismo.

No caminho da vida, há que se aprender com a própria vida.
Vejamos o carro moderno nas viagens de hoje: nem passo a passo, porque isso seria ignorar o progresso, diante do motor, e nem velocidade além dos limites justos, o que seria abusar do motor para descer ao desastre e à morte prematura.

Em tudo equilíbrio, porque, se tivermos equilíbrio, asseguraremos, em toda parte e em qualquer tempo, a presença da caridade e da paciência, em nós mesmos, as duas guardiãs capazes de garantir-nos trajeto seguro e chegada feliz.

Espírito Emmanuel, do livro Centelhas, psicografado por Chico Xavier.

11 setembro 2025

No bom combate


Meu jovem amigo,
Enquanto brilha a manhã, atendamos à conscrição divina.
Convida-nos o Senhor a operar no grande combate da luz contra a sombra e do bem contra o mal.
Não longe de nós, há continentes do espírito por descobrir e desbravar.
Armemos o coração de amor e humildade, coragem e entendimento.
Enquanto o entusiasmo juvenil te povoa a alma sensível, ao nosso lado, marcham lidadores desiludidos que as amarguras da Terra desencantaram, quase vencidos ao gelado sopro do desânimo, e, enquanto o hino da alegria ressoa na acústica de teus sonhos diante do altar da vida, junto de nós, seguem companheiros sem a graça da esperança, quase perdidos sob o nevoeiro da angústia que lhes parece irremediável…
Há inimigos na vizinhança de nossa experiência pessoal, reclamando-nos socorro sereno e vigilância pacífica.
São eles a ignorância e o ódio, o desalento e a discórdia, o egoísmo e a vaidade… Há irmãos nossos, na longa estrada, caídos sob o gládio desses antigos verdugos da Humanidade.
Contra esses adversários da felicidade e da paz é indispensável detonar o alfabeto e arremessar os raios divinos do amor, semear o bom ânimo e fortalecer a união fraterna, irradiar a bondade e exemplificar a vida simples.
Não te separes da esperança.
O caminho do progresso é cimentado com o suor dos trabalhadores leais ao Supremo Bem, que descobrem no próprio sacrifício e no heroísmo silencioso e anônimo a glória da libertação espiritual.
Estamos recrutados para ajudar e servir.
Sigamos, pois, para a vanguarda da redenção terrestre, sem exigir do mundo senão o direito de sermos úteis, no setor da atividade individual, porque em nosso exército de servidores cada batalhador dará testemunho de si mesmo, de coração ligado ao Divino Comandante que preferiu o escárnio público, a solidão íntima e a morte na cruz, para que o Amor resplandecesse em vitória sublime e imperecível sobre a Terra inteira.

Espírito Agar, do livro Cartas do coração, psicografado por Chico Xavier.

10 setembro 2025

Reflexões


De todas as dedicações terrestres, a mais sublime é aquela que nasce do devotamento maternal.
Acompanhamos nossos filhos, por uma disposição indevassável de Deus, entre flores ou espinhos, entre luzes ou charcos, para darmos, em favor deles, o próprio coração.
Não existem dois tesouros no campo da alma.
Quem prefere as fantasias douradas da carne, cedo acorda aqui, no mundo dos espíritos, em dolorosa e indefinível pobreza!
A fonte da graça espiritual é propriedade daqueles que, desde o mundo, se unem ao Senhor.
Nem sempre, enquanto nos demoramos no mundo, sabemos aproveitar a riqueza da fé!
Supomos que a religião é uma ideia que deve permanecer escravizada aos nossos caprichos e exigências, esperando que as suas forças representativas gravitem ao lado de nossos desejos.
Basta, porém, um passo além do túmulo, para compreendermos a verdade.
Se não lapidamos o coração, sobrevém para nós a tormenta.
São os votos mal cumpridos, as promessas olvidadas, as tarefas ao abandono, os compromissos relegados ao esquecimento e a ânsia doentia de colher sem plantar e de auferir lucros sem esforço, na grande jornada em que junto de nossos amigos e adversários, tanto poderíamos realizar em nosso proveito!
Bendigamos a luta!…
Sem ela – a energia viva que nos orienta para cima – que seria de nossas imperfeições? Que seria do ferro bruto sem o fogo da forja incandescente?
Ajudemo-nos uns aos outros com paciência.
Aqui reconhecemos que mais vale sofrer e servir sem descanso, que regalar-se a alma no mundo, na expectativa injustificável de permanência num céu que devemos trabalhar, ainda muito, para merecer.


Espírito Adelaide Coutinho, do livro Cartas do Coração, psicografado, por Chico Xavier.

09 setembro 2025

Em favor do mundo


Antes que o olhar se nos fixe nos mundos brilhantes, que evoluem mais alto no campo da Universidade Divina, lembra a Terra amorosa que te acolhe e bendiz.
Repara a gleba em que te encontras.
Espinheiros e flores se misturam.
Pedra e lama impedem a sementeira digna em vastas regiões que se fazem inóspitas.
Vermes e plantas venenosas perturbam grandes linhas da paisagem.
Esta é a casa de trabalho em que o Senhor te situou.
Faze alguma cousa por melhorá-la, embelezá-la ou engrandecê-la.
Auxilia ao trabalhador na conservação do bom ânimo.
Socorre o enfermo, a fim de que se restaure.
Ampara as sementes do bem.
Inspira a coragem aos que fraquejam.
Acende alguma luz para as sombras.
Amassa o pão do reconforto para quem te reclama o concurso fraterno.
Produze a gota de remédio que regenera o doente.
Defende a fonte cristalina.
Planta uma árvore valiosa no caminho em que transitas ou faze um vaso humilde florir à porta do lar e estarás enriquecendo o berço em que nasceste, elevando a existência, a favor daqueles que virão depois dos teus passos.
Quem não valoriza a candeia próxima, dificilmente entenderia o esplendor da estrela distante.
Quem despreza o alfabeto não atinge a ciência.
É preciso começar com o bem e persistir com ele se desejamos a perfeição.
Cada qual, porém, avança na senda que lhe é própria.
Ninguém caminhará para a frente sobre o alheio esforço.
Antes de pretendermos o ingresso nos mundos venturosos e redimidos, salvemos o chão em que nos firmamos, construindo o mundo mais feliz de amanhã pela melhoria de nós mesmos.
Não vale contemplar sem agir, nem sonhar sem fazer.


Espírito Emmanuel, do livro Caridade, psicografado por Chico Xavier.

08 setembro 2025

A morte resolve?


Antes da nossa reunião, uma pergunta monopolizava as nossas conversações:
“Morrer, segundo a vida física, será resolver o nosso problema de paz e felicidade?” As opiniões eram as mais diversas.
Convidados para as tarefas planejadas, recebemos de O Livro dos Espíritos a questão 164 para estudo. Os amigos presentes teceram valiosos comentários a respeito. No término da reunião o nosso Cornélio Pires nos trouxe sua página do Mundo Espiritual.

Francisco Cândido Xavier

Entre dois planos

– “Não aguento sofrer! Estou vencida…”
– Gemia Maricota de Toledo.
– “Ando no mundo como num degredo,
Quero morrer, meu Deus, quero outra vida!…”

Tanto rogou em choro sem medida,
Que faleceu de um tombo no lajedo.
E voltando ao Além, assim mais cedo,
Foi levada de novo à nova lida…

Trabalhando num grupo de socorro,
Clamou que tinha vida de cachorro,
Xingou a morte e tudo quanto via!…

Quis renascer num corpo asselvajado…
Hoje carrega pedras num serrado,
Mas é feliz na Roça da Alegria.

Espírito Cornélio Pires, do livro Caminhos de volta, psicografado por Chico Xavier.